Identificar, concretamente, o que resulta da falta de oração na vida a dois, pode ser um bom caminho para converter-se!

Um dia, Eliana e eu resolvemos rezar juntos! Não foi e nem é fácil… mas sabemos que nossa história pode alimentar a sua, e que nosso testemunho lhe irá encorajar!

Em 2009, cansados e encurralados pelos problemas daquele período de nossa vida, experimentando a força com a qual os problemas são capazes de nos adoecer e, por mais forte e declarado que era o nosso amor, nos sentíamos esfriar no que sempre considerávamos ser o mais importante. Já bem adoecidos e altamente problemocêntricos, pela graça de Deus, resolvemos oferecer primazia à vida de oração a dois.

Mesmos se não quiséssemos, ou se enfrentávamos os dissabores próprios do dia a dia de um casal, doentes, com as mais diversas experiências interiores que a vida impõe, em viagem, ou até chateados um com o outro, Eliana e eu resolvemos rezar da maneira mais prática que seríamos capazes.

Dávamos as mãos e falávamos com Deus sobre nossa vida, a família, os desafios da educação de nosso filho único, as despesas da casa…. fomos crescendo e entendemos que também poderíamos rezar sobre nossa história afetiva, as histórias de nossas famílias, a vida sexual, as amizades no nosso casamento.

Hoje, conhecedores da dura realidade de casais que ainda não fizeram esta escolha, decidimos compartilhar três aspectos bem importantes de nosso aprendizado como um casal que reza.

1 – Desejando ouvir a Deus, aprendemos a nos escutar mais e melhor.

Com a decisão de rezar juntos, estávamos apontando todas as nossas energias para Deus e, como resultado, víamos os frutos surgindo em nossa vida, especialmente na maneira como estávamos acostumados a escutar um ao outro. De uma forma muito natural, fomos nos percebendo mais atenciosos no modo como nos escutávamos.

O fato é que começamos a parar para nos escutar. Não era mais possível conversar de qualquer jeito. Era necessário aprender um jeito de nos amar, escutando um ao outro sem pressa, às vezes com horário combinado, não fazendo em meio a outras coisas, especialmente se tinha algo de mais importante para dizer e escutar.

Finalmente, escutar se tornou muito mais importante do que falar!

Eis a lição mais importante!!!

2 – Buscando amar a Deus, desenvolvemos habilidades que nos ajudaram a crescer na gratuidade.

Acontecia que a oração nos fazia, obviamente, experimentar o amor de Deus. 

Deus, perfeito amor, que ama de graça, de um jeito único, personalizado, gratuito e, aos poucos, começávamos a parecer com Ele.

Deus é um amante, fonte do amor que vai nos tornando seres que amam assim como Ele ama e, em Jesus, Seu amor se revela em plenitude ao ponto de dar Sua vida por nós.

E tudo de graça, sem esperar recompensas, porque é amor verdadeiro.

O fato é que a oração que fazíamos juntos, transbordava – e ainda transborda – esta qualidade de amor.

Bem na prática, iniciávamos a experimentar o “amai-vos como Eu vos amei” numa perspectiva de uma vida a dois, isto é, fomos percebendo que este momento narrado no evangelho e seu significado, diz respeito à mim e a Eliana.

Portanto, cuidar um do outro, ser sensível às expectativas que possuímos e nos adiantarmos nos gestos de atenção, tornou-se um modo de amar e, mais ainda, uma maneira de darmos a vida um ao outro. 

3 – Buscando um processo de conversão mais concreto, fomos despertados para uma maior compreensão do processo um do outro.

Olhando para o jeito como Jesus Cristo fala, age e se comporta com as pessoas com as quais se encontra, e o modo de dialogar com elas, torna-se evidente o quanto que Nosso Senhor aprecia que as pessoas estejam  num processo, num caminho dirigido para um real encontro com elas mesmas e com Ele que é caminho, verdade e vida. 

Todos os interlocutores de Nosso Senhor são ativamente protagonistas do processo que alí começa.

Trata-se da experiência de conversão, prática altamente processual, e que nós todos vivemos e nem sempre lhe damos o devido valor e atenção. Resultado: não sabemos mais admirar o caminho lindo e penoso que cada pessoa trilha quando leva a sério sua vida em transformação.

Rezando juntos, nos tornamos mais sensíveis a este processo humano-divino que enfrentamos e que leva tempo para seu desenvolvimento. Na verdade, leva a vida inteira. Infantilmente, imaginamos que São Paulo caiu do cavalo e se levantou numa outra forma de pessoa e, pior ainda, queremos que o mesmo aconteça com todos, especialmente com quem mais amamos! 

Assim, Eliana e eu estamos aprendendo a olhar e aceitar um ao outro num processo contínuo de conversão! Na prática, só assim vamos ser colaboradores e admiradores da santificação de nosso cônjuge.

Daí, é preciso observar, acolher, se admirar e associar-se ao processo do outro!

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